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30/11/2010

A PAZ VENCERÁ

a paz na terra

Vivemos momentos cruciais no planeta, e muitos têm as suas convicções de justiça abaladas. Alguns descrêem da Providência Divina, acreditando que Deus perdeu o controle de sua criação.

Logicamente, esta é uma observação destituída de razão, porque aquilo que parece falta de controle está debaixo de um rigoroso planejamento.

Deus concede a liberdade para que o Homem possa crescer.

Deus preside os destinos do Universo, e nós estamos inseridos nessa comunidade universal. Podemos parecer impotentes ante a sanha da violência, não só a do terrorismo, mas a do crime organizado, das quadrilhas de traficantes, dos crimes passionais, da miséria, da fome e até da violência doméstica e sexual. O que fazer?

Entreguemos nossas vidas e o nosso mundo a Deus, mas não deixemos de fazer a nossa parte em prol do bem geral; pois, no mundo, somos instrumentos de Deus para a pacificação, para a justiça social e para o amor. Só assim o mundo terá sanidade.

Nao importa o nome que damos a Deus ou como o concebemos. O que importa, realmente, é que Deus não pode ser mau, protecionista, rancoroso ou vingativo. Concebemos Deus conforme nos ensinaram os espíritos: Inteligência suprema e causa primeira de todas as coisas.

O Criador deu a cada espírito o livre-arbítrio e uma meta a alcançar: a perfeição. Temos liberdade de agir como quisermos, porém somos responsáveis pelos nossos atos; o que equivale a dizer: somos livres para semear, mas somos obrigados a colher.

Toda essa onda de violências vai passar, e o mundo entrará numa era de paz e realizações. Corrigiremos as injustiças, sanearemos a moral, acabaremos com a fome, e cuidaremos para que todos tenham o suficiente para viver com dignidade.

Este é o desafio que temos de enfrentar, mas com certeza venceremos.

A PAZ VENCERÁ!

Amilcar Del Chiaro Filho

29/11/2010

E QUEM É O MEU PRÓXIMO?

Amistad3
O próximo a quem precisamos prestar imediata assistência é sempre a pessoa que se encontra mais perto de nós.
Em suma, é, por todos os modos, a criatura que se avizinha de nossos passos. E como a Lei Divina recomenda amemos o próximo como a nós mesmos, preparemo-nos para ajudar, infinitamente...
Se há Cristianismo em nossa consciência, o cultivo sistemático da compreensão e da bondade tem força de lei em nossos destinos.
Um cristão sem atividade no bem é um doente de mau aspecto, pesando na economia da coletividade.
Sabemos que o Divino Mestre amou e amparou, lutou em favor da luz e resistiu à sombra, até à cruz.
Lembra-te sempre de que estás situado na Terra para aprender e auxiliar.
Texto extraído do Livro Fonte Viva – Emmanuel
Psicografia de Francisco Cândido Xavier

27/11/2010

CARTA DO SENADOR PÚBLIO LENTULUS AO IMPERADOR

"Sabendo que desejas conhecer quanto vou narrar, existindo nos nossos tempos um homem, o qual vive atualmente de grandes virtudes, chamado Jesus, que pelo povo é inculcado o profeta da verdade, e os seus discípulos dizem que é filho de Deus, criador do céu e da terra e de todas as coisas que nela se acham e que nela tenham estado; em verdade, ó César, cada dia se ouvem coisas maravilhosas desse Jesus: ressuscita os mortos, cura os enfermos, em uma só palavra:

é um homem de justa estatura e é muito belo no aspecto, e há tanta majestade no rosto, que aqueles que o vêem são forçados a amá-lo ou temê-lo.

Tem os cabelos da cor amêndoa bem madura, são distendidos até as orelhas, e das orelhas até as espáduas, são da cor da terra, porém mais reluzentes.

Tem no meio de sua fronte uma linha separando os cabelos, na forma em uso nos nazarenos, o seu rosto é cheio, o aspecto é muito sereno, nenhuma ruga ou mancha se vê em sua face, de uma cor moderada; o nariz e a boca são irrepreensíveis.

A barba é espessa, mas semelhante aos cabelos, não muito longa, mas separada pelo meio, seu olhar é muito afetuoso e grave; tem os olhos expressivos e claros, o que surpreende é que resplandecem no seu rosto como os raios do sol, porém ninguém pode olhar fixo o seu semblante, porque quando resplende, apavora, e quando ameniza, faz chorar; faz-se amar e é alegre com gravidade.

Diz-se que nunca ninguém o viu rir, mas, antes, chorar. Tem os braços e as mãos muito belos; na palestra, contenta muito, mas o faz raramente e, quando dele se aproxima, verifica-se que é muito modesto na presença e na pessoa.

É o mais belo homem que se possa imaginar, muito semelhante à sua mãe, a qual é de uma rara beleza, não se tendo, jamais, visto por estas partes uma mulher tão bela, porém, se a majestade tua, ó Cézar, deseja vê-lo, como no aviso passado escreveste, dá-me ordens, que não faltarei de mandá-lo o mais depressa possível.

De letras, faz-se admirar de toda a cidade de Jerusalém; ele sabe todas as ciências e nunca estudou nada.

Ele caminha descalço e sem coisa alguma na cabeça.

Muitos se riem, vendo-o assim,porém em sua presença, falando com ele, tremem e admiram.

Dizem que um tal homem nunca fora ouvido por estas partes.    Em verdade, segundo me dizem os hebreus, não se ouviram, jamais, tais conselhos, de grande doutrina, como ensina este
Jesus; muitos judeus o têm como Divino e muitos me querelam, afirmando que é contra a lei de Tua Majestade; eu sou grandemente molestado por estes malignos hebreus.

Diz-se que este Jesus nunca fez mal a quem quer que seja, mas, ao contrário, aqueles eu o conhecem e com ele têm praticado, afirmam ter dele recebido grandes benefícios e saúde, porém à tua obediência estou prontíssimo, aquilo que Tua Majestade ordenar será cumprido.

Vale, da Majestade Tua, fidelíssimo e obrigadíssimo... Públio Lentulus, presidente da Judéia Lindizione setima, luna seconda.”

(Este documento foi encontrado no arquivo do Duque de Cesadini, em Roma. Essa carta, onde se faz o retrato físico e moral de Jesus, foi mandada de Jerusalém ao imperador Tibério César, em Roma, ao tempo de Jesus.)

25/11/2010

CRISTO EM CASA

lar2

Se desejas extinguir
A sombra que aflige e atrasa,
Não olvides acender
A luz do Evangelho
em casa.
Quando possível, nas
horas
De doce união no lar,
Estende a Lição Divina
Ao grupo
familiar.
Na chama viva da
prece,
O culto nobre inicia,
Rogando
discernimento
À Eterna
Sabedoria.
Logo após, lê, meditando
O Texto Renovador
Da Boa
Nova sublime,
Que é fonte de todo o amor.
Verás a tranquilidade,
Vestida em suave brilho,
Irradiando
esperança
Em todo o teu
domicílio.
Ante a palavra do Mestre,
Generosa, clara e boa,
A experiência na Terra
É luta que aperfeiçoa.
Mentiras da vaidade,
Velhos crimes da avidez,
Calúnia e
maledicência
Desaparecem de
vez...
Serpentes envenenadas
Do orgulho torvo e escarninho,
Sob o clarão da verdade,
Esquecem-nos o
caminho.
Dificuldades e provas,
Na dor amargosa e lenta,
São recursos salvadores
Com que o Céu nos apascenta.
E o trabalho por mais rude,
No campo de cada dia,
É dádiva edificante
Do bem que nos
alivia.
É que, na Bênção do Cristo,
Clareia-se-nos a estrada
E a nossa vida ressurge,
Luminosa e transformada.
Conduze,
pois, tua casa
À inspiração de Jesus.
O Evangelho em tua mesa
É pão da Divina
Luz.
Fonte: LUZ no LAR
Autor Casimiro Cunha
Psicografia de:
Chico Xavier

24/11/2010

OBSESSAO ESPIRITUAL, CAUSA DAS GRANDES ANGÚSTIAS HUMANAS

obsessao 1 

Para garantir-nos contra a sua influência urge fortalecer a fé
pela renovação mental e pela prática do bem nos
moldes dos códigos evangélicos

Confrades vez ou outra nos indagam por que viver na Terra é tão complicado e quase sempre tão amarga é a vida? Digo-lhes que essa sensação eventualmente pode ser uma aspiração à felicidade e à liberdade e que, algemado ao envoltório físico que nos serve de cárcere, aplicamo-nos a inúteis esforços para dele sair. Contudo, alguns se abatem no desencorajamento, e a todo o instante reverberam suas lamentações. Mas é preciso resistir energicamente a essas sensações de desânimo e desesperanças, porque os sonhos para a felicidade de viver são intrínsecos a todos os homens, embora não a devamos sofregamente procurar somente na experiência material e transitória da vida terrena.

Comentando sobre a melancolia, encontramos em O Evangelho segundo o Espiritismo o Espírito François de Genève, ditando o seguinte: “Precisamos cumprir, durante nossa prova terrena, tarefas e compromissos que não suspeitamos, seja no que tange à devoção à família, ou cumprindo diversos deveres que Deus nos confiou. Se no transcurso dessa experiência, no desempenho das tarefas, observamos os cuidados, as inquietações, os desgostos esmagarem nossos ânimos d'alma, sejamos fortes e corajosos para derrotá-los. Avancemos e encaremos sem temor; pois que as aflições são de curta duração e devem nos conduzir para situações bem melhores no futuro”.

Há, porém, muitas amarguras que podem ter suas origens na infidelidade aos compromissos cristãos, daí a melancolia se instala no ser, do que poderá resultar um processo obsessivo. Mas o que é uma obsessão? Etimologicamente, o termo tem sua origem no vocábulo obsessione, palavra latina que significa impertinência, perseguição. Para alguns estudiosos espíritas, a obsessão é percebida como um grande flagelo mundial. Essa visão se reveste de profunda gravidade na sociedade, que atualmente está bem instrumentalizada tecnologicamente, seja no campo das comunicações e da informática, seja nas outras áreas do saber, ampliando e aprofundando as responsabilidades de cada um em face da vida coletiva. 

Obsessão é uma influência maléfica na mente

Aurélio Buarque define obsessão como sendo uma preocupação com determinada ideia, que domina doentiamente o espírito, resultante ou não de sentimentos recalcados; ideia fixa; mania. Da mesma forma a terminologia obsessão é usada, vulgarmente, para significar ideia fixa em alguma coisa, tique nervoso, gerador de manias, atitudes estranhas etc. Entretanto, sob o ponto de vista espírita, o termo tem um significado e interpretação mais amplos. Consubstancia-se numa influência maléfica relativamente persistente que desencarnados e/ou encarnados, tão ou mais atrasados que nós mesmos, podem exercer sobre a nossa vida mental. 

Para a escola clássica da psiquiatria, obsessão é um pensamento, ou um impulso, persistente ou recorrente, indesejado e aflitivo, que vem à mente involuntariamente, a despeito de tentativa de ignorá-lo ou de suprimi-lo. Psiquiatras que não admitem nada fora da matéria não podem entender uma causa oculta (espiritual), mas quando a academia científica tiver saído da rotina materialista, ela reconhecerá na ação do mundo invisível que nos cerca e no meio do qual vivemos uma força que reage sobre as coisas físicas, tanto quanto sobre as coisas morais. Esse será um novo caminho aberto ao progresso e a chave de uma multidão de fenômenos mal compreendidos do psiquismo humano.

E, óbvio, não descartando a possibilidade da anomalia psicossomática, a Doutrina Espírita faz-nos conhecer outras fontes das misérias humanas, mantidas pela fragilidade moral dos seres. Reconhecemos que o uso dos fármacos antidepressivos estabelece a harmonia química cerebral, melhorando o humor do paciente, no entanto, agem simplesmente sobre os efeitos, uma vez que os medicamentos não curam a obsessão em suas intrínsecas causas, apenas restabelecem o trânsito das mensagens neuroniais, corrigindo o funcionamento neuroquímico do SNC (sistema nervoso central). Sócrates já afirmava que "se os médicos são malsucedidos, tratando da maior parte das moléstias, é que tratam do corpo, sem tratarem da alma”.

Por insinceridade, em nosso tênue esforço para a reforma moral, obstamos as relações equilibradas e equilibrantes conosco e com o próximo. Toda a nossa desarmonia leva a desenvolver sintonias viciosas com outras mentes doentias, seja de desencarnados ou encarnados, o que aguça sobremaneira nosso próprio desarranjo interior, resultando daí as ingentes dificuldades para nos libertarmos das algemas em que nos aguilhoamos ante as garras do mal.

Na intimidade do lar, da família ou do Centro Espírita, do ambiente de trabalho profissional, adversários ferrenhos do pretérito se reencontram. Convocados pelos Benfeitores do Além ao reajuste, raramente conseguem superar a aversão de que se veem possuídos uns à frente dos outros, e (re)alimentam com paixão, no imo de si mesmos, os raios tóxicos da antipatia que, concentrados, se transformam em pontiagudos dardos magnéticos, suscetíveis de provocar a enfermidade e a própria morte. 

A obsessão espiritual é sintonia ou troca de vibrações afins. Kardec define obsessão como a ação persistente que um Espírito inferior exerce sobre um indivíduo, apresentando caracteres variados que vão desde a simples influência moral, sem sinais exteriores perceptíveis, até a perturbação completa do organismo e das faculdades mentais. A obsessão é o encontro de forças inferiores retratando-se entre si. 

As múltiplas facetas da obsessão

Há quadros de obsessões explodindo por todos os lados em todos os níveis, quais sejam de desencarnados sobre encarnados e vice-versa; de encarnados sobre encarnados, bem como de desencarnados sobre desencarnados. 

Nosso mundo mental rege a vida que nos é peculiar em todas as suas dimensões, contudo, nos encontramos ainda no início do entendimento das implicações da força mental, do significado e abrangência das construções mentais na vida. Os obsessores são hábeis e inteligentes, perfeitos estrategistas que planejam cada passo e acompanham as presas por algum tempo, observando suas tendências, seus relacionamentos, seus ideais. Identificam seus pontos vulneráveis (quase sempre ligados ao descaminhamento sexual) e os exploram pertinazes.

O pensamento exterioriza-se e projeta-se, formando imagens e sugestões que arremessa sobre os objetivos que se propõe atingir. Quando bom e edificante, ajusta-se às Leis que nos regem, criando harmonia e felicidade, todavia, quando desequilibrado e deprimente, estabelece aflição e ruína. A química mental vive na base de todas as transformações, porque realmente evoluímos em profunda comunhão telepática com todos aqueles encarnados ou desencarnados que se afinam conosco. 

Nosso universo mental é como um céu, mas do firmamento descem raios de sol e chuvas benéficas para a vida planetária, assim como, no instante do atrito de elementos atmosféricos, desse mesmo céu procedem faíscas elétricas destruidoras. Da mesma forma funciona a mente humana. Dela se originam as forças equilibrantes e restauradoras para os trilhões de células do organismo físico, mas, quando perturbada, emite raios magnéticos de elevado teor destrutivo para a nossa estrutura psíquica. 

O mestre lionês redarguiu dos Espíritos, na questão 466 d' O Livro dos Espíritos, por que permite Deus que os obsessores nos induzam ao mal? Os Espíritos responderam: "Os seres imperfeitos são instrumentos destinados a experimentar a fé e a constância dos homens na prática do bem. Como Espírito, deveis progredir na ciência do infinito, razão por que passais pelas provas do mal, a fim de chegardes ao bem. Nossa missão é a de colocar-vos no bom caminho e quando más influências agem sobre vós, é que as atraís, pelo desejo do mal. Os Espíritos inferiores vêm em vosso auxílio no mal, sempre que desejais cometê-lo; e só vos podem ajudar no mal quando quereis o mal. Então, se vos inclinardes para o assassínio, tereis uma nuvem de Espíritos que vos alimentarão esse pendor. Entretanto, tereis outros que procurarão influenciar-vos para o bem. Assim se restabelece o equilíbrio e ficais senhor de vós mesmos”.

Renovação moral como base para a desobsessão espiritual

O venerável Codificador, em O Livro dos Médiuns, afirma que as imperfeições morais dão acesso aos obsessores e o meio mais seguro de nos livrarmos deles é atrair os bons Espíritos pela prática do bem. A obsessão é impotente diante de Espíritos redimidos! E o que é um Espírito redimido? É aquele que reconhece as suas limitações e, como enunciado pelo apóstolo Paulo, sente a alegria de saber-se "matriculado na escola do bem”.

Esse desarranjo psicoespiritual deverá ser eliminado da sociedade no instante em que o lídimo exemplo do amor for experimentado e disseminado em todas as direções, consoante Jesus consubstanciou e vivenciou até as agruras da morte, prosseguindo desde tempos apostólicos até os dias atuais. 

O Espiritismo, desvendando a intervenção dos Espíritos endurecidos no mal em nossas vidas, lança luzes sobre questões ainda desconsideradas pelas ciências materialistas como de causa psicopatológica.

Muitas vezes procurado pelos obsidiados, o Cristo penetrava psiquicamente nas causas da sua inquietude e, usando de sua autoridade moral, libertava tanto os obsessores quanto os obsidiados, permitindo-lhes o despertar para a vida animada rumo à recuperação e à pacificação da própria consciência. Porém, é muito importante lembrar que Jesus não libertou os obsidiados sem lhes impor a intransferível necessidade de renovação íntima, nem expulsou os perseguidores inconscientes sem fornecer-lhes o endereço de Deus.

Conclusão

Em síntese, identificamos sempre na obsessão (espiritual) o resultado da invigilância e dos desvios morais. Para garantir-nos contra a sua influência urge fortalecer a fé pela renovação mental e pela prática do bem nos moldes dos códigos evangélicos propostos por Jesus Cristo, não nos esquecendo dos divinos conselhos do Vigiai e Orai.

Bibliografia consultada:

Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001, cap. V, item 25. Dicionário Aurélio eletrônico; século XXI. Rio de Janeiro, Nova Fronteira e Lexicon Informática, 1999, CD-rom, versão 3.0. Xavier, Francisco Cândido. Nos Domínios da Mediunidade, Rio de Janeiro: Ed. FEB, 2001, Cap. Dominação Telepática. Kardec, Allan. O Livro dos Espíritos, GB., 2003, perg. 644. Kardec, Allan. O Livro dos Médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 19987- (Mateus 26:41; Marcos 14:38; Lucas 21:36 e I Pedro 5:8). Revista Espírita, fevereiro, março e junho de 1864. A jovem obsedada de Marmande. Kardec, Allan. O Que é o Espiritismo, Cap. II, Escolho dos Médiuns, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2003.Kardec, Allan. O Evangelho segundo o Espiritismo, Resumo da doutrina de Sócrates e de Platão, item XIX, Rio de Janeiro: Editora FEB, 2001.

21/11/2010

A Ação dos pais na educação moral dos filhos

 

 

 

 

 

 

No capítulo XVIII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, há interessante ressalva de Allan Kardec sobre o ensino dos Espíritos superiores, alertando-nos de que “nenhum dos que o recebam, diretamente ou por intermédio de outrem, pode pretextar ignorância”. 1 Com o mesmo cuidado, o insigne Codificador exorta-nos para que possamos aproveitá-lo com afinco, transformando-nos moralmente e não apenas admirando-o como coisas interessantes e singulares sem tocar-nos o coração e sem alterar a nossa maneira de ser.
Um dos mais valiosos aforismos encontra-se na definição de moral dada pela Doutrina Espírita:
A moral é a regra de bem proceder, isto é, de distinguir o bem do mal. Funda-se na observância da lei de Deus. O homem procede bem quando tudo faz pelo bem de todos, porque então cumpre a lei de Deus.  2 No entanto, a despeito dos preceitos doutrinários que nos chegam do mundo espiritual, não obtemos resultados mais significativos na formação moral das crianças e dos jovens que educamos e, a cada dia, surpreende-nos a diversidade que surge da maneira pela qual a moralidade é interpretada, mormente a que se origina de transformações sociais profundas e que influenciam os procedimentos de toda uma geração; costumes nem sempre compatíveis com a justiça e a ética e que interferem na transmissão de ensinamentos para aquisição de hábitos salutares que tentamos infundir para melhoria do comportamento dos filhos. Por essa razão, unicamente, hábeis sermões dirigidos a eles não são suficientes para uma educação moral verdadeiramente eficaz. Mas – questionarão os pais apreensivos –, o que é necessário fazer para superação desses obstáculos? É oportuno destacar certos aspectos que, possivelmente, intervêm na educação que ministramos.
Importante alerta é dado, pelos benfeitores espirituais, na resposta à questão 208, de O Livro dos Espíritos, ao afirmarem que os pais exercem grande influência sobre os rebentos,
transformando-se, o ato de educar, numa missão para o desenvolvimento deles e “tornar-se-ão culpados, se vierem a falir no seu desempenho”. 3 Cabe-nos perguntar: somos coerentes com os ensinos que irão preponderar, positivamente, nas condições de adiantamento de nossa prole? Embora seja inegável que discursos morais, sobretudo os de caráter espírita, entusiasmem as pessoas, é preciso pensar nas qualidades e exemplos daqueles que os proferem, nem sempre condizentes com as regras de conduta que pregam.
Nesse caso, a educação moral é transmitida, não no sentido de ser, mas no de parecer. Vinícius, em uma de suas obras espíritas, considera que “quando se trata de qualidades e virtudes, é muito mais fácil simulá-las que adquiri-las”.
Ao final, deduz o autor: A Moral, considerada outrora por Sócrates como a ciência por excelência, consiste hoje em acompanhar passivamente a opinião da maioria dominante, com menosprezo, embora, dos mais comezinhos princípios do decoro e da decência. 5
Grave advertência para não nos deixarmos entusiasmar por estilos e preconceitos de certos ambientes sociais, pois, sem o sentirmos, esse modo de viver se transforma em hábito, condicionando-nos e estabelecendo estreitos limites para nossa evolução espiritual.
O Espírito Valérium se expressa sobre o assunto por meio de metáfora, ao comparar a similaridade da vida na Terra a um rio caudaloso e que, como espíritas, em muitas ocasiões, é preciso nadar “contra a corrente dos preconceitos e prejuízos da convenção”, 6 mesmo que o percurso normal de nossa trajetória seja viver com todos, sem nos tornarmos criaturas antissociais.Assegura, ele: Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar. Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria. Descer a favor da corrente do mundo é sempre fácil. É só deixar-se levar. Acumpliciando-se sistematicamente com as ações da maioria.
Jamais se indispondo contra o erro. Só dizendo “sim” para tudo e para todos. Seguindo despreocupadamente, sem o exame dos próprios atos. [...]
Mas, subir contra a corrente do mundo é mais difícil.
É preciso valor para enfrentar a adversidade.
É necessário paciência para fugir aos erros de tradição.
É indispensável ser forte para tornar-se exceção no esforço maior.7
Precisamos manter as atitudes que assumimos ao nos identificar com os ensinamentos da Doutrina Consoladora – teorias que nascem da reflexão pura e sincera e que se transformam em práticas conscientes a serem aplicadas nas experiências do cotidiano, de maneira espontânea, natural, tanto na vida privada como em sociedade. Contudo, motivar nossos filhos para a aquisição de qualidades essenciais, baseadas na ética e na moral dos costumes, não consiste, somente, em absorver o verdadeiro pensamento do Espiritismo, sem termos dúvidas de segui-lo fielmente, mas está, também, na ação a ser exemplificada e promovida no ato de corrigir (ensinar) para tomada de consciência daqueles que educamos.
Em uma das obras de Aristóteles (384-322 a.C.), Ética a Nicômaco (apud HOURDAKIS, 2001), que constitui sua teoria mais ordenada a respeito dos valores morais, ele analisa a virtude não como um conhecimento, [...] mas um hábito voluntário (hexis proairetikê) e um uso. Em outros termos, não se trata de uma predisposição natural, mas de algo que resulta de uma atividade e de um exercício perseverante e que não se adquire mediante o ensino, mas pela prática. A ética do homem se forma a partir do hábito, que significa familiaridade e essa ética se adquire, primeiramente, no interior da família e depois na cidade estado, que legisla tendo em vista a educação correta dos cidadãos. 8
Ponderação corroborada Allan Kardec, ao afirmar que não se refere à educação moral adquirida pelos livros, mas “[...] sim à que consiste na arte de formar os caracteres, à que incute hábitos,
porquanto a educação é o conjunto dos hábitos adquiridos.9 Há, pois, necessidade de estimular nossos filhos ao exercício da prática de ações que possam persuadi-los a agir
com honestidade, justiça e caridade.
Ajudá-los para se tornarem “homens de bem”, incentivando-os às boas iniciativas e organizando atividades cotidianas de modo fértil, fazendo com que desenvolvam suas experiências, tanto na vida moral, como na social, de forma equilibrada e saudável.
Kardec, exímio educador, exalta, pelo exemplo, as explicações para aquisição das virtudes que o Cristo ensinou, ao oferecer-nos rica metodologia de como educar os seres sob
a nossa guarda. No capítulo XIII, de O Evangelho segundo o Espiritismo, lega-nos extraordinária lição: Quem é esta mulher de ar distinto, de traje tão simples, embora bem cuidado, e que traz em sua companhia uma mocinha tão modestamente vestida? Entra numa casa de sórdida aparência, onde sem dúvida é conhecida [...].À sua chegada, refulge a alegria naqueles rostos emagrecidos.
É que ela vai acalmar ali todas as dores.
Traz o de que necessitam, condimentado de meigas e consoladoras palavras [...].
[...] Por que se faz acompanhar da filha? Para que aprenda como se deve praticar a beneficência. A mocinha também quer fazer a caridade. A mãe, porém, lhe diz: “[...] Quando visitamos os doentes, tu me ajudas a tratá-los. Ora, dispensar cuidados é dar alguma coisa. [...] Aprende a fazer obras úteis e confeccionarás roupas para essas criancinhas. Desse modo, darás alguma coisa que vem de ti. [...]” 10  (Grifo nosso.)
Essa orientação-modelo de como ministrar lições de cunho moral que, de modo exaustivo, repetimos verbalmente aos filhos, contrapõe-se à maneira repressiva de educar, sem nos precavermos para não aumentar, excessivamente, a carga que pesa sobre os ombros daqueles que criamos, ao querer que demonstrem conduta moral irrepreensível, sem ainda terem clara consciência de como manifestar isso.
Ao auxiliarmos para que se tornem pessoas moralmente melhores, precisamos incentivá-los a pensar sobre a ação a ser praticada, desenvolvendo posturas que os façam ter espírito de iniciativa nas realizações voltadas para o bem proceder, sem esperar, contudo, que conquistem expressivo progresso moral em apenas uma existência, de acordo com os princípios espíritas.
É fundamental, pois, estudar a Doutrina e o Evangelho de Jesus, embasando-nos pelo estudo, especialmente quando estivermos ao lado de outros pais (em reuniões, grupos, ciclos de encontros etc.), para valorizar e analisar as vivências do cotidiano familiar e as implicações decorrentes desses problemas na educação das crianças e dos jovens que protegemos e amamos.
Referências:
1KARDEC, Allan. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap.18, item 12, p. 332.
2_____. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Q. 629.
3_____. _____. Q. 208.
4VINÍCIUS (pseudônimo de Pedro de Camargo). Nas pegadas do mestre. 12. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2009. Cap. Ser, e não parecer, p. 71.
5_____. _____. p. 72.
6VIEIRA, Waldo. Bem-aventurados os simples. Pelo Espírito Valérium. 15. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 39, p. 101.
7_____. _____. p. 100-101.
8HOURDAKIS, Antoine. Aristóteles e a educação. Trad. Luiz Paulo Rouanet. São Paulo: Edições Loyola, 2001. Cap. A etologia da educação, p. 56.
9KARDEC, Allan. O livro dos espíritos. Trad. Guillon Ribeiro. 91. ed. 2. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Comentário de Kardec à q. 685a.
10_____. O evangelho segundo o espiritismo. Trad. Guillon Ribeiro. 129. ed. 1. reimp. Rio de Janeiro: FEB, 2010. Cap. 13, item 4.   http://www.febnet.org.br/reformadoronline/pagina/?id=183      Clara Lila Gonzales de Araújo

20/11/2010

ALCOOLISMO JUVENIL: UMA OMISSãO FAMILIAR

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“Não se educa sendo deseducado. Não se disciplina sem estar disciplinado.” (Amélia Rodrigues, no Livro “Sementeira da Fraternidade”, de Divaldo P. Franco.)

Cresce no meio jovem o consumo de bebidas alcoólicas.

Bares, restaurantes, lanchonetes, clubes sociais, avenidas estão repletas de jovens que, displicentemente, fazem uso, em larga escala e abertamente, das bebidas deletérias e nocivas que não só desfiguram e arrasam o corpo como agridem e violentam o caráter.

Contra outros tipos de tóxicos levanta a sociedade, mesmo que palidamente, no combate, nem sempre eficaz, mas o álcool, esse “veneno livre”, campeia à solta, e quase sempre apoiado por grandes e bem produzidas campanhas de mídia e aceito com naturalidade por nós.

Tomar um “gole” ainda hoje, em pleno século XXI, quando o homem já foi à lua, passeou com um robô de controle remoto em marte e avança esplendidamente em todos os setores da ciência, inclusive em conhecimentos de medicina, é um ato de afirmação do jovem, como sinônimo de que ele já começa a adentrar o sonhado mundo dos adultos. Puro engano.

Pena que a sua visão de vida e os seus objetivos na existência, muito acanhados, não lhe permitam identificar, também por falta de conscientização que o adulto não lhe deu, o abismo em que está mergulhando.

Uma organização infanto-juvenil, em formação, sem dúvida, com ingestão de álcool não poderá possuir a saúde que teria se evitasse o consumo de tão corrosiva substância. Isso, evidentemente, sem citar os estragos morais da personalidade.

Mas o problema é muito sério e de uma gravidade sem contas.

Temos sim, necessidade de maior participação de nossas autoridades constituídas, que muitas vezes laboram com grandes deficiências de material humano e de equipamentos, ante a situação caótica em que vive a sociedade.

Precisamos também que o comércio de bebidas alcoólicas não venda essa “tragédia engarrafada ou enlatada” aos menores.

No entanto, a solução só virá com a devida conscientização da família. Não haverá outro meio e nem outros mecanismos que evitem a derrocada da grande maioria dos nossos jovens.

Já foi dito que a criança ou o jovem imitam o adulto, isso significa dizer que se o jovem está utilizando o álcool foi porque viu o adulto fazê-lo.

E o que é mais grave, esses jovens, em grande escala, consomem bebidas junto com seus pais, em clima de festa, de euforia mesmo. Lamentável.

Indiscutivelmente, pais que consomem álcool não têm moral para impedir que os filhos o façam. Não terão autoridade para dizer que faz mal à saúde física e ao caráter, pois que são escravos do vício.

É triste, muito triste mesmo, identificar que muitos alcoólatras que afirmam não sê-lo, escondem-se atrás das bebidas sociais, sim, aquelas que se consomem nas rodas da sociedade. O alcoólatra não é somente aquele que se estende numa sarjeta, mas é todo consumidor de álcool.

Dolorosa realidade a do alcoolismo juvenil; mais dolorosa ainda é constatar, sem qualquer equívoco, a omissão da família. Esses pais, indiferentes e descuidados, estimulam ou se omitem hoje, para, provavelmente, chorarem amanhã, quando dificilmente haverá tempo para reparos.

Os nossos jovens precisam muito mais do que roupas da moda, carros do ano, motos envenenadas, escolas de alto nível, médicos especializados. Eles precisam de educação, que só virá através dos exemplos dos adultos, especialmente dos adultos com quem convivem.

O jovem que se dá ao consumo de bebidas alcoólicas é vítima, muito frequentemente, vítima da omissão familiar.

Portanto, pouco vai adiantar instituição de leis, normas, fiscalizações se entre as paredes do lar a indiferença continuar.

Alcoolismo juvenil: a família precisa acordar.

WALDENIR APARECIDO CUIN
wacuin@ig.com.br
Votuporanga, São Paulo (Brasil)http://www.oconsolador.com.br/ano4/185/principal.html

19/11/2010

ANDAI, ENQUANTO TENDES LUZ

 

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“Disse-lhes então Jesus: Ainda por um pouco de tempo a luz está entre vós.
Andai enquanto tendes a luz, para que as trevas não vos apanhem; pois quem anda nas trevas não sabe para onde vai.” (João, 12:35.)

A passagem em epígrafe refere-se a um diálogo de Jesus com estrangeiros que foram à Palestina, especialmente, para conhecê-lo. A narrativa de João envolve aspectos interessantes dessa conversa, mas aqui queremos nos ater à advertência final acima transcrita, que Jesus dirige, não só a eles, mas a todos os que o ouviam e, se considerarmos os aspectos mais profundos do ensinamento, a todos nós. Muitas indagações emergem em nossa mente diante dessa passagem: Para onde deveriam dirigir-se os que acolhessem a indicaçãode andar? e, nesse caso, o imperativo está atrelado à luz como condição favorável que se apresentava aos estrangeiros, naquele momento histórico, que deduzimos ser a própria presença do Mestre. Naturalmente, Jesus sabia do que lhe ocorreria na sequência daqueles dias e percebia que não ficaria por longo tempo entre seus discípulos.

Precisamos entender, contudo, que todo ensinamento evangélico tem propósitos mais amplos e transcendentais. Considerando a referência ao Reino como orientação expressa em linguagem metafórica,

compreenderemos que o Reino deDeus não é um lugar e o verbo andar não significa o ato de deslocar-se espacialmente na Terra. Jesus mesmo esclareceu que ninguém pode dizer que o Reino esteja aqui

ou ali, porquanto ele estaria dentro de nós mesmos, sendo, portanto, uma condição a ser criada pelo indivíduo num processo subjetivo de realização. Tudo o que aconteceu depois pode, sem qualquer dúvida, ser identificado com a condição adversa de obscuridade que dificultou a vida das criaturas humanas identificadas com os ideais cristãos: as perseguições sofridas, os sacrifícios no circo romano, as lutas para a consolidação do movimento de divulgação da Boa Nova, a oficialização do Cristianismo como religião do Estado, que determinaria a descaracterização da doutrina ensinada pelo Cristo, o longo período da Idade Média, que somente cessou com o advento do Renascimento já no século XV.

Hoje, ainda, o homem se confronta com grandes obstáculos, para realizar o que Jesus propôs. Notáveis avanços marcam a história da Humanidade, mas, no que tange à cultura ocidental, parece-nos que a condição favorável para o caminhar do homem no sentido de realizar o que lhe cabe – espiritualizar-se – voltou aos cenários do mundo com o advento do Espiritismo, cujas proposições oferecem a chave que nos permite entender os ensinamentos do Evangelho. Coloquemo-nos, pois, como os atuais destinatários da fala do Mestre. Precisamos tomar consciência de que vivemos um momento favorável ao trabalho interior, para fazer aflorar as virtudes que ainda estão em estado potencial dentro de nós.

O caminho para isso está disponível, caso nos decidamos aos estudos sérios a que somos convocados pelo Espiritismo.Nada se pode conquistar, sem esforço e luta. Nosso empenho será maior, quando  compreendermos que o tempo é um recurso valioso que, embora se renove em outras oportunidades, é, de certa forma, limitado.Nossa permanência na situação favorável depende do aproveitamento da chance que está sendo dada. Na sequência dos acontecimentos, o quadro pode se alterar e maiores se tornarão os obstáculos a serem superados. Busquemos, pois, assimilar o ensinamento principal de Jesus –“Amai a Deus sobre todas as coisas e ao próximo como a vós mesmos”.


Esforcemo-nos para nos tornarmos discípulos do Mestre e estaremos criando condições para superar as amarras materiais e alcançar o conhecimento da verdade que liberta totalmente a criatura da ignorância e do erro.O momento é favorável, o Consolador está entre nós. Sigamos em paz!

SALMO 23

”Cria em mim, ó Deus,  um coracao puro e renova dentro de mim um espírito inabalável.”( salmo, 51:10)

Mario Frigeri

O Senhor é meu Pastor

E nada me falatará;

Em campinas verdejantes Faz minha alma repousar.

E por veredas de pazE alvoradas  de luz

Eu sigo cada vez mais

Conduzido por Jesus.

Por acaso se um dia eu andasse

Pelo vale da sombra da morte

Mantereria meu animo forte,

Amparado na luz da oracao.

A esperanca e a misericórdiaSeguiriam à frente comigo,

Porque sei que tu és meu amigo

E que moras no meu coracao.

http://www.febnet.org.br

17/11/2010

O PODER DA VONTADE

vontade


Querer é poder! O poder da vontade é ilimitado. O homem, consciente de si mesmo, de seus recursos latentes, sente crescerem suas forças na razão dos esforços. Sabe que tudo o que de bem e bom desejar há de, mais cedo ou mais tarde, realizar-se inevitavelmente, ou na atualidade ou na série das suas existências, quando seu pensamento se puser de acordo com a Lei divina. E é nisso que se verifica a palavra celeste: “A fé transporta montanhas.”
Não é consolador e belo poder dizer: “Sou uma inteligência e uma vontade livres; a mim mesmo me fiz, inconscientemente, através das idades; edifiquei lentamente minha individualidade e liberdade e agora conheço a grandeza e a força que há em mim. Amparar-me-ei nelas; não deixarei que uma simples dúvida as empane por um instante sequer e, fazendo uso delas com o auxílio de Deus e de meus irmãos do espaço, elevar-me-ei acima de todas as dificuldades; vencerei o mal em mim; desapegar-me- ei de tudo o que me acorrenta às coisas grosseiras para levantar o vôo para os mundos felizes!”
Vejo claramente o caminho que se desenrola e que tenho de percorrer. Esse caminho atravessa a extensão ilimitada e não tem fim; mas, para guiar-me na estrada infinita, tenho um guia seguro – a compreensão da lei de vida, progresso e amor que rege todas as coisas; aprendi a conhecer-me, a crer em mim e em Deus. Possuo, pois, a chave de toda elevação e, na vida imensa que tenho diante de mim, conservar-me-ei firme, inabalável na vontade de enobrecer-me e elevar-me, cada vez mais; atrairei, com o auxílio de minha inteligência, que é filha de Deus, todas as riquezas morais e participarei de todas as maravilhas do Cosmo.
Minha vontade chama-me: “Para frente, sempre para frente, cada vez mais conhecimento, mais vida, vida divina!” E com ela conquistarei a plenitude da existência, construirei para mim uma personalidade melhor, mais radiosa e amante. Saí para sempre do estado inferior do ser ignorante, inconsciente de seu valor e poder; afirmo-me na independência e dignidade de minha consciência e estendo a mão a todos os meus irmãos, dizendo- lhes:
Despertai de vosso pesado sono; rasgai o véu material que vos envolve, aprendei a conhecer-vos, a conhecer as potências de vossa alma e a utilizá-las. Todas as vozes da Natureza, todas as vozes do espaço vos bradam: “Levantai-vos e marchai! Apressai- vos para a conquista de vossos destinos!”
A todos vós que vergais ao peso da vida, que, julgando-vos sós e fracos, vos entregais à tristeza, ao desespero, ou que aspirais ao nada, venho dizer: “O nada não existe; a morte é um novo nascimento, um encaminhar para novas tarefas, novos trabalhos, novas colheitas; a vida é uma comunhão universal e eterna que liga Deus a todos os seus filhos.”
A vós todos, que vos credes gastos pelos sofrimentos e decepções, pobres seres aflitos, corações que o vento áspero das provações secou; Espíritos esmagados, dilacerados pela roda de ferro da adversidade, venho dizer-vos:
“Não há alma que não possa renascer, fazendo brotar novas florescências. Basta-vos querer para sentirdes o despertar em vós de forças desconhecidas. Crede em vós, em vosso rejuvenescimento em novas vidas; crede em vossos destinos imortais. Crede em Deus, Sol dos sóis, foco imenso, do qual brilha em vós uma centelha, que se pode converter em chama ardente e generosa!
“Sabei que todo homem pode ser bom e feliz; para vir a sê-lo basta que o queira com energia e constância. A concepção mental do ser, elaborada na obscuridade das existências dolorosas, preparada pela vagarosa evolução das idades, expandir-se-á à luz das vidas superiores e todos conquistarão a magnífica individualidade que lhes está reservada.
“Dirigi incessantemente vosso pensamento para esta verdade: podeis vir a ser o que quiserdes. E sabei querer ser cada vez maiores e melhores. Tal é a noção do progresso eterno e o meio de realizá-lo; tal é o segredo da força mental, da qual emanam todas as forças magnéticas e físicas. Quando tiverdes conquistado esse domínio sobre vós mesmos, não mais tereis que temer os retardamentos nem as quedas, nem as doenças, nem a morte; tereis feito de vosso “eu” inferior e frágil uma alta e poderosa individualidade!”

Autor: Léon Denis

16/11/2010

O MAIOR ABRACO DO MUNDO!

O Cristo Redentor "fechou" os braços, num abraço simbólico ao Rio de Janeiro, na noite de 19 de outubro. Uma ilusão de ótica provocada por projeção de luzes e imagens , faz parte da campanha "Carinho de Verdade", de combate à violência e exploração sexual de crianças. Para simular o abraço, o cineasta Fernando Salis usou oito projetores, que cobriram a estátua com imagens do Rio, ao som de Bachianas Brasileiras n.º 7, de Villa Lobos. Isto foi maravilhoso!

A idéia na verdade, era criar uma imagem do “afeto”, como o afeto pode contagiar, -Fernando Salis.

Esse é o maior abraco do mundo, pensemos em Jesus e vibremos que esse abraco contagie todos os coracoes! 

14/11/2010

O AMOR - “As Potências da Alma”

amor 4

...o amor é uma fonte inexaurível, renova-se sem cessar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe...

Entendemos o amor como um sentimento
que leva um ser para outro ser...

Mas o amor tem infinitas formas...

Deus é amor...

Nos criou para que nos associemos a esse amor...
O amor se renova sem cessar...

É pelo amor que a alma se desenvolve...
Alarga o círculo das sensações...

Nós caminhamos para o amor...
A afeição que sentimos por um só
se transforma na afeição a todos...

À família...
À Humanidade...

Todo o poder da alma está em:
Querer... saber... amar...

Querer significa desenvolver a vontade
e aprender a dirigi-la...

Saber porque sem o conhecimento das coisas e das leis não caminhamos retamente para os nossos objetivos...

Amar porque sem o amor, a vontade e o conhecimento seriam incompletos e sem sentido...

O amor, como comumente se entende na Terra, é um sentimento, um impulso do ser, que o leva para outro ser com o desejo de unir-se a ele. Mas, na realidade, o amor reveste formas infinitas, desde as mais vulgares até as mais sublimes. Princípio da vida universal, pro­porciona à alma, em suas manifestações mais elevadas e puras, a intensidade de radiação que aquece e vivifica tudo em roda de si ; é por ele que ela se sente estreita­mente ligada ao Poder Divino, foco ardente de toda a vida, de todo o amor.

Acima de tudo, Deus é amor. Por amor, criou os seres para associá-los às suas alegrias, à sua obra. O amor é um sacrifício; Deus hauriu nele a vida para dá-la às almas. Ao mesmo tempo que a efusão vital, elas receberiam o princípio afetivo destinado a germinar e expandir-se pela provação dos séculos, até que tenham aprendido a dar-se por sua vez, isto é, a dedicar-se, a

sacrificar-se pelas outras. Com este sacrifício, em vez de se amesquinharem, mais se engrandecem, enobrecem e aproximam do Foco Supremo.

O amor é uma força inexaurível, renova-se sem ces­sar e enriquece ao mesmo tempo aquele que dá e aquele que recebe pelo amor, sol das almas, que Deus mais eficazmente atua no mundo. Por ele atrai para si todos os pobres seres retardados nos antros da paixão, os Espí­ritos cativos na matéria; eleva-os e arrasta-os na espiral da ascensão infinita para os esplendores da luz e da liberdade.

O amor conjugal, o amor materno, o amor filial ou fraterno, o amor da pátria, da raça, da Humanidade, são refrações, raios refratados do amor divino, que abrange, penetra todos os seres, e, difundindo-se neles, faz rebentar e desabrochar mil formas variadas, mil esplêndidas florescências de amor.

Até às profundidades do abismo de vida, infiltram-se as radiações do amor divino e vão acender nos seres rudimentares, pela afeição à companheira e aos filhos, as primeiras claridades que, nesse meio de egoísmo feroz, serão como a aurora indecisa e a promessa de uma vida mais elevada.

É o apelo do ser ao ser, é o amor que provocará, no fundo das almas embrionárias, os primeiros rebentos do altruísmo, da piedade, da bondade. Mais acima, na escala evolutiva, entreverá o ser humano, nas primeiras felicidades, nas únicas sensações de ventura perfeita que lhe é dado gozar na Terra, sensações mais fortes e suaves que todas as alegrias físicas e conhecidas somente das almas que sabem verdadeiramente amar.

Assim, de grau em grau, sob a influência e irradia­ção do amor, a alma desenvolver-se-á e engrandecerá, verá alargar-se o círculo de suas sensações. Lentamente, o que nela não era senão paixão, desejo carnal, ir-se-á depurando, transformando num sentimento nobre e desin­teressado; a afeição a um só ou a alguns converter-se-á na afeição a todos, à família, à pátria, à Humanidade.

E a alma adquirirá a plenitude de seu desenvolvimento quando for capaz de compreender a vida celeste, que é toda amor, e a participar dela.

O amor é mais forte do que o ódio, mais poderoso do que a morte. Se o Cristo foi o maior dos missionários e dos profetas, se tanto império teve sobre os homens, foi porque trazia em si um reflexo mais poderoso do Amor Divino. Jesus passou pouco tempo na Terra; foram bas­tantes três anos de evangelização para que o seu domínio se estendesse a todas as nações. Não foi pela Ciência nem pela arte oratória que ele seduziu e cativou as mul­tidões; foi pelo amor! Desde sua morte, seu amor ficou no mundo como um foco sempre vivo, sempre ardente. Por isso, apesar dos erros e faltas de seus representantes, apesar de tanto sangue derramado por eles, de tantas fogueiras acesas, de tantos véus estendidos sobre seu ensino, o Cristianismo continuou a ser a maior das reli­giões; disciplinou, moldou a alma humana, amansou a índole feroz dos bárbaros, arrancou raças inteiras à sen­sualidade ou à bestialidade.

O Cristo não é o único exemplar a apresentar. Po­de-se, de um modo geral, verificar que das almas emi­nentes se desprendem radiações, eflúvios regeneradores, que constituem uma como atmosfera de paz, uma espécie de proteção, de providência particular. Todos aqueles que vivem sob esta benéfica influência moral sentem uma calma, um sossego de espírito, uma espécie de serenidade que dá um antegozo das quietações celestes. Esta sensação é mais pronunciada ainda nas sessões espíritas dirigidas e inspiradas por almas superiores; nós mesmos o experimentamos muitas vezes em presença das entida­des que presidem aos trabalhos do nosso grupo de Tours. (204)

Essas impressões vão-se encontrando cada vez mais vivas à medida que se afastam dos planos inferiores onde reinam as impulsões egoístas e fatais e se sobem os degraus da gloriosa hierarquia espiritual para aproxi­mar-se do Foco Divino ; pode-se assim verificar, por uma experiência que vem completar as nossas intuições, que cada alma é um sistema de força e um gerador de amor, cujo poder de ação aumenta com a elevação.

Por isto também se explicam e se afirmam a soli­dariedade e fraternidade universais. Um dia, quando a verdadeira noção do ser se desembaraçar das dúvidas e incertezas que obsidiam o pensamento humano, com­preender-se-á a grande fraternidade que liga as almas. Sentir-se-á que são todas envolvidas pelo magnetismo divino, pelo grande sopro de amor que enche os Espaços.

A parte este poderoso laço, as almas constituem também agrupamentos separados, famílias que se foram pouco a pouco formando através dos séculos, pela comu­nidade das alegrias e das dores. A verdadeira família é a do Espaço; a da Terra não é mais do que uma ima­gem daquela, redução enfraquecida, como o são as coisas deste mundo comparadas com as do Céu. A verdadeira família compõe-se dos Espíritos que subiram juntos as ásperas sendas do destino e são feitas para se compreen­derem e amarem.

Quem pode descrever os sentimentos ternos, íntimos, que unem esses seres, as alegrias inefáveis nascidas da fusão das inteligências e das consciências, a união das almas sob o sorriso de Deus?

Estes agrupamentos espirituais são os centros aben­çoados onde todas as paixões terrestres se apaziguam, onde os egoísmos se desvanecem, onde os corações se dilatam, onde vêm retemperar-se e consolar-se todos aqueles que têm sofrido, quando, livres pela morte, tor­nam a juntar-se com os bem-amados, reunidos para festejarem seu regresso.

Quem pode descrever os êxtases que proporciona às almas purificadas, que chegaram às cumeadas luminosas, a efusão nelas do amor divino e os noivados celestes pelos quais dois Espíritos se ligam para sempre no seio das famílias do Espaço, reunidas para consagrarem com um rito solene essa união simbólica e indestrutível ? Tal é o himeneu verdadeiro, o das almas irmãs, que Deus reúne eternamente com um fio de ouro. Com essas fes­tas do amor, os Espíritos que aprenderam a tornar-se livres e a usar de sua liberdade fundem-se num mesmo fluido, à vista comovida de seus irmãos. Daí em diante, seguirão uns aos outros em suas peregrinações através dos mundos; caminharão, de mãos dadas, sorrindo à des­graça e haurindo na ternura comum a força para su­portar todos os reveses, todas as amarguras da sorte. Algumas vezes, separados pelos renascimentos, conser­varão a intuição secreta de que seu insulamento é ape­nas passageiro; depois das provas da separação, entre­vêem a embriaguez do regresso ao seio das imensidades.

Entre os que caminham neste mundo, solitários, en­tristecidos, curvados sob o fardo da vida, há os que conservam no fundo do coração a vaga lembrança da sua família espiritual. Estes sofrem cruelmente da nostalgia dos Espaços e do amor celeste, e nada entre as alegrias da Terra os pode distrair e consolar. Seu pensamento vai muitas vezes, durante a vigília, e, mais ainda, durante o sono, reunir-se aos seres queridos que os esperam na paz serena do Além. O sentimento profundo das compensa­ções que os .aguardam explica sua força moral na luta e sua aspiração para um mundo melhor. A esperança semeia de flores austeras os atalhos que eles percorrem.

Todo o poder da alma resume-se em três palavras: - Querer, Saber, Amar!

Querer, isto é, fazer convergir toda a atividade, toda a energia, para o alvo que se tem de atingir, desenvol­ver a vontade e aprender a dirigi-la.

Saber, porque sem o estudo profundo, sem o conhe­cimento das coisas e das leis, o pensamento e a vontade podem transviar-se no meio das forças que procuram conquistar e dos elementos a quem aspiram governar.

Acima, porém, de tudo, é preciso amar, porque, sem o amor, a vontade e a ciência seriam incompletas e mui­tas vezes estéreis. O amor ilumina-as, fecunda-as, centuplica-lhes os recursos. Não se trata aqui do amor que contempla sem agir, mas do que se aplica a espalhar o bem e a verdade pelo mundo. A vida terrestre é um con­flito entre as forças do mal e as do bem. O dever de toda alma viril é tomar parte no combate, trazer-lhe todos os seus impulsos, todos os seus meios de ação, lutar pelos outros, por todos aqueles que se agitam ainda na via escura.

O uso mais nobre que se pode fazer das faculdades é trabalhar por engrandecer, desenvolver, no sentido do belo e do bem, a Civilização, a sociedade humana, que tem as suas chagas e fealdades, sem dúvida, mas que é rica de esperanças e magníficas promessas; essas pro­messas transformar-se-ão em realidade vivaz no dia em que a Humanidade tiver aprendido a comungar, pelo pen­samento e pelo coração, com o foco de amor, que é o esplendor de Deus.

Amemos, pois, com todo o poder do nosso coração ; amemos até ao sacrifício, como Joana d'Arc amou a França, como o Cristo amou a Humanidade, e todos aqueles que nos rodeiam receberão nossa influência, sentir-se-ão nascer para nova vida.

Õ homem, procura em volta de ti as chagas a pen­sar, os males a curar, as aflições a consolar. Alarga as inteligências, guia os corações transviados, associa as forças e as almas, trabalha para ser edificada a alta ci­dade de paz e de harmonia que será a cidade de amor, a cidade de Deus ! Ilumina, levanta, purifica ! Que im­porta que se riam de ti ! Que importa que a ingratidão e a maldade se levantem na tua frente! Aquele que ama não recua por tão pouca coisa; ainda que colha espinhos e silvas, continua sua obra, porque esse é seu dever, sabe que a abnegação o engrandece.

O próprio sacrifício também tem suas alegrias; feito com amor, transforma as lágrimas em sorrisos, faz nas­cer em nós alegrias desconhecidas do egoísta e do mau. Para aquele que sabe amar, as coisas mais vulgares são de interesse ; tudo parece iluminar-se ; mil sensações novas despertam nele.

São necessários à sabedoria e à Ciência longos esfor­ços, lenta e penosa ascensão para conduzir-nos às altas regiões do pensamento. O amor e o sacrifício lá chegam de um só pulo, com um único bater de asas. Na sua impulsão conquistam a paciência, a coragem, a benevo­lência, todas as virtudes fortes e suaves. O amor depura a inteligência, põe à larga o coração e é pela soma de amor acumulada em nós que podemos avaliar o caminho que temos andado para Deus.

A todas as interrogações do homem, a suas hesita­ções, a seus temores, a suas blasfêmias, uma voz grande, poderosa e misteriosa responde: Aprende a amar! O amor é o resumo de tudo, o fim de tudo. Dessa maneira, esten­de-se e desdobra-se sem cessar sobre o Universo a imen­sa rede de amor tecida de luz e ouro. Amar é o segredo da felicidade. Com uma só palavra o amor resolve todos os problemas, dissipa todas as obscuridades. O amor sal­vará o mundo; seu calor fará derreter os gelos da dú­vida, do egoísmo, do ódio; enternecerá os corações mais duros, mais refratários.

Mesmo em seus magníficos derivados, o amor é sem­pre um esforço para a beleza. Nem sequer o amor sexual, o do homem e da mulher, deixa, por mais material que pareça, de poder aureolar-se de ideal e poesia, de perder todo o caráter vulgar, se, de mistura com ele, houver um sentimento de estética e um pensamento superior. E isto depende principalmente da mulher. Aquela que ama, sente e vê coisas que o homem não pode conhecer, possui em seu coração inexauríveis reservas de amor, uma espé­cie de intuição que pode dar idéia do Amor Eterno.

A mulher é sempre, de qualquer modo, irmã do mis­tério e a parte de seu ser que toca o infinito parece ter mais extensão do que em nós. Quando o homem responde como a mulher aos apelos do invisível, quando seu amor é isento de todo desejo brutal, se não fazem mais do que um pelo espírito como pelo corpo, então, no abraço desses dois seres que se penetram, se completam para transmitir a vida, passará como um relâmpago, como uma chama, o reflexo de mais altas felicidades entrevistas. São, toda­via, passageiras e misturadas de amarguras as alegrias do amor terrestre ; não andam desacompanhadas de de­cepções, retrocessos e quedas. Somente Deus é o amor na sua plenitude ; é o braseiro ardente e, ao mesmo tempo, o abismo de pensamento e luz, donde dimanam e para quem ascendem eternamente os quentes eflúvios de todos os astros, as ternuras apaixonadas de todos os corações de mulheres, de mães, de esposas, de afeições viris de todos os corações de homens. Deus gera e chama o amor, porque é a Beleza infinita, perfeita, e é proprie­dade da beleza provocar o amor.

Quem, pois, num dia de verão, quando o Sol irradia, quando a imensa cúpula azulada se desenrola sobre nossas cabeças e dos prados e bosques, dos montes e do mar sobem a adoração, a prece muda dos seres e das coisas, quem, pois, deixará de sentir as radiações de amor que enchem o Infinito?

E preciso nunca ter aberto a alma a estas influências sutis para ignorá-las ou negá-las. Muitas almas terres­tres ficam, é verdade, hermeticamente fechadas para as coisas divinas ou, então, se sentem suas harmonias e belezas, escondem cuidadosamente o segredo de si mes­mas; parecem ter vergonha de confessar o que conhecem ou o que de maior e melhor experimentam.

Tentai a experiência'. Abri o vosso ser interno, abri as janelas da prisão da alma aos eflúvios da vida univer­sal e, de súbito, essa prisão encher-se-á de claridades, de melodias; um mundo todo de luz penetrará em vós. Vossa alma arrebatada conhecerá êxtases, felicidades que não se podem descrever; compreenderá que há em seu der­redor um oceano de amor, de força e de vida divina no qual ela está imersa e que lhe basta querer para ser banhada por suas águas regeneradoras. Sentirá no Uni­verso um Poder soberano e maravilhoso que nos ama, nos envolve, nos sustenta, que vela sobre nós como 0 avarento sobre a jóia preciosa, e, invocando-o, dirigin­do-lhe um apelo ardente, será logo penetrada de sua pre­sença e de seu amor. Estas coisas se sentem e exprimem dificilmente ; só as podem compreender aqueles que as saborearam. Mas, todos podem chegar a conhecê-las, a possuí-las, despertando o que há em si de divino. Não há homem, por mais perverso, por pior que seja, que numa hora de abandono e sofrimento, não veja abrir-se uma fresta por onde um pouco da claridade das coisas supe­riores e um pouco de amor se filtrem até ele.

Basta ter experimentado uma vez só estas impres­sões para não as esquecer mais. E quando chega o declí­nio da vida com suas desilusões, quando as sombras crepusculares se acumulam sobre nós, então estas pode­rosas sensações acordam com a memória de todas as alegrias sentidas, e a lembrança das horas em que ver­dadeiramente amamos cai como delicioso orvalho sobre nossas almas dissecadas pelo vento áspero das prova­ções e da dor.

Léon Denis - livro: O Problema do Ser do Destino e da Dor

12/11/2010

O PENSAMENTO –“As Potências da Alma”

pensamento

...para dar ao pensamento toda a força e amplitude, nada mais eficaz do que a investigação dos grandes problemas...

O pensamento é criador...
Todos os nossos pensamentos influenciam...
Para o bem ou para o mal

Todo pensamento um dia volta...
É lei da física...

Ideais elevados: luz...
Ideais baixos: sombras...

Tudo evolui...
Para melhorar o pensamento
é necessário ler e refletir...

A reflexão... a meditação...
Amadurece as idéias...

E isso nos vai tornando melhores...

O pensamento é criador. Assim como o pensamento do Eterno projeta sem cessar no espaço os germens dos seres e dos mundos, assim também o do escritor, do ora­dor, do poeta, do artista, faz brotar incessante flores­cência de idéias, de obras, de concepções, que vão in­fluenciar, impressionar para o bem ou para o mal, se­gundo sua natureza, a multidão humana.

Aqui a missão dos obreiros do pensamento é ao mesmo tempo grande, temível e sagrada. Grande e sagrada, porque o pensamento dissipa as sombras do caminho, resolve os enigmas da vida e traça o caminho da Humanidade ; é a sua chama aquece as almas e ilumina os desertos da existência. temível, porque seus efeitos são poderosos tanto para a descida como para a ascensão.

Mais cedo ou mais tarde todo produto do espírito reverte para seu autor com suas conseqüências, acarre­tando-lhe, segundo o caso, o sofrimento, uma diminuição,uma privação de liberdade, ou, então, satisfações íntimas, uma dilatação, uma elevação do ser.

A vida atual é, como se sabe, um simples episódio de nossa longa história, um fragmento da grande cadeia que se desenrola para todos através da imensidade. E constantemente recaem sobre nós, em brumas ou clari­dades, os resultados de nossas obras. A alma humana percorre seu caminho cercada de uma atmosfera brilhan­te ou turva, povoada pelas criações de seu pensamento. isto, na vida do Além, sua glória ou sua vergonha.

Para dar ao pensamento toda a força e amplitude, nada há mais eficaz do que a investigação dos grandes problemas.

Por bem dizer, é preciso sentir com veemência; para saborear as sensações elevadas e profundas, é necessário remontar à nascente de que deriva toda a vida, toda a harmonia, toda a beleza.

O que há de nobre e elevado no domínio da inteli­gência emana de uma causa eterna, viva e pensante. Quanto mais largo é o vôo do pensamento para essa causa, tanto mais alto ela paira, tanto mais radiosas também são as claridades entrevistas, mais inebriantes as alegrias sentidas, mais poderosas as forças adquiridas, mais geniais as inspirações! Depois de cada vôo, o pensamento torna a descer vivificado, esclarecido para o campo terrestre, a fim de prosseguir a tarefa pela qual continuará a desenvolver-se, porque é o trabalho que faz a inteligência como é a inteligência que faz a beleza, o esplendor da obra acabada.

Eleva teu olhar, ó pensador, ó poeta! Lança teu brado de apelo, de aspiração e prece! Diante do mar de reflexos variáveis, à vista de brancos cimos longínquos ou do infinito estrelado, não passaste nunca horas de êxtase e embriaguez, em que a alma se sente imersa num sonho divino, em que a inspiração chega poderosa como um relâmpago, rápido mensageiro do Céu à Terra?

Escuta bem ! Nunca ouviste, no fundo de teu ser, vibrarem as harmonias estranhas e confusas, os rumores do mundo invisível, vozes de sombra que te acalentam pensamento e o preparam para as intuições supremas?

Em todo poeta, artista ou escritor há germens de mediocrdade inconsciente, incalculáveis, e que desejam desabrochar; por eles o obreiro do pensamento entra com o manancial inexorável e recebe sua parte de revelação. Esta revelação de estética, apropriada à sua natureza, ao gênero de seu talento, tem ele por missão exprimi-la em obras que farão penetrar na alma das multidões uma vibração das forças divinas, uma radiação das verdades eternas.

É na comunhão freqüente e consciente com o mundo dos Espíritos que os gênios do futuro hão de encontrar os elementos de suas obras. Desde hoje, a penetração dos segredos de sua dupla vida vem oferecer ao homem socorros e luzes que as religiões desfalecidas já lhe não podem proporcionar.

Em todos os domínios, a idéia espírita vai fecundar o pensamento em atividade.

A Ciência dever-lhe-á a renovação completa de suas teorias e métodos. Dever-lhe-á a descoberta de forças incalculáveis e a conquista do universo oculto. A Filo­sofia obterá um conhecimento mais extenso e preciso da personalidade humana. Esta, no transe e na exterioriza­ção, é como uma cripta que se abre, cheia de coisas estra­nhas e onde está escondida a chave do mistério do ser.

As religiões do futuro hão de encontrar no Espiri­tismo as provas da sobrevivência e as regras da vida no Além, ao mesmo tempo que o princípio de uma união das duas humanidades, visível e invisível, em sua ascensão para o Pai comum.

A Arte, em todas as suas formas, descobrirá nele mananciais inexauríveis de inspiração e emoção.

O homem do povo, nas horas de cansaço, beberá nele a coragem moral. Compreenderá que a alma pode desen­volver-se tanto pela lide humilde como pela obra majes­tosa e que não se deve desprezar dever algum ; que a inveja é irmã do ódio e que, muitas vezes, o ser é menos feliz no luxo que na mediocridade. O poderoso aprenderá nele a bondade com o sentimento da solidariedade que a todos liga através de nossas vidas e pode obrigar-nos voltar pequenos para adquirirmos as virtudes modes­tas. O céptico achará nele a fé; o desanimado as espe­ranças duradouras e as resoluções viris; todos os que sofrem encontrarão a idéia profunda de que uma lei de justiça preside a todas as coisas, de que não há, em nenhum domínio, efeito sem causa, parto sem dor, vitó­ria sem combate, triunfo sem rudes esforços, mas que, acima de tudo, reina uma perfeita e majestosa sanção e que ninguém está abandonado por Deus, de que é uma parcela.

Assim, vagarosamente se operará a renovação da Humanidade, tão nova ainda, tão ignorante de si mesma, mas cujos desejos se dirigem pouco a pouco para a com­preensão de sua tarefa e de seu fim, ao mesmo tempo que se alarga seu campo de exploração e a perspectiva de um futuro ilimitado. E em breve eis que ela avançará mais consciente de si mesma e de sua força, consciente de seu magnífico destino. A cada passo que transpõe, vendo e querendo mais, sentindo brilhar e avivar-se o foco que arde em si, vê também as trevas recuarem, fun­direm-se, resolverem-se os sombrios enigmas do mundo e iluminar-se o caminho com um raio poderoso.

Com as sombras, desvanecem-se pouco a pouco os preconceitos, os vãos terrores; as contradições aparentes do Universo dissipam-se; faz-se a harmonia nas almas nas coisas. Então, a confiança e a alegria penetram­-lhe e o homem sente desenvolver-se-lhe o pensamento e o coração. E de novo avança pelo caminho das idades para o termo de sua obra; mas, esta não tem termo. Porque, de cada vez que a Humanidade se eleva para um novo ideal, julga ter alcançado o ideal supremo, quando, na realidade, só atingiu a crença ou o sistema correspondente ao seu grau de evolução. Mas, de cada vez também, de seus impulsos e de seus triunfos decorrem­-lhe felicidades e forças novas, e ela encontra a recom­pensa de seus labores e angústias no próprio labor, na alegria de viver e progredir, que é a lei dos seres, comunhão mais íntima com o Universo, numa posse mais completa do Bem e do Belo.

Os , poetas, vós, cujo número au­menta todos os dias, cujas produções se multiplicam e sobem como a maré, belas muitas vezes pela forma, mas fracas no fundo, superficiais e materiais, quanto talento não gastais com coisas medíocres! Quantos esforços des­perdiçados e postos ao serviço de paixões nocivas, de volúpias inferiores e interesses vis!

Quando vastos e magníficos horizontes se desdo­bram, quando o livro maravilhoso do Universo e da alma se abre de par em par diante de vós e o Gênio do pensa­mento vos convida para nobres tarefas, para obras cheias de seiva, fecundas para o adiantamento da Humanidade, vós vos comprazeis bastas vezes com estudos pueris e estéreis, com trabalhos em que a consciência se estiola, em que a inteligência se abate e definha no culto exage­rado dos sentidos e dos instintos impuros.

Quem de vós dirá a epopéia da alma lutando pela conquista de seus destinos no ciclo imenso das idades e dos mundos, suas dores e alegrias, suas quedas e levan­tamentos, a descida aos abismos da vida, o bater de asas para a luz, as imolações, os holocaustos que são um res­gate, as missões redentoras, a participação cada vez maior das concepções divinas!

Quem dirá também as poderosas harmonias do Uni­verso, harpa gigantesca vibrando ao pensamento de Deus, o canto dos mundos, o ritmo eterno que embala a gênese dos astros e das humanidades! Ou, então, a lenta elabo­ração, a dolorosa gestação da consciência através dos estádios inferiores, a construção laboriosa de uma indi­vidualidade, de um ser moral!

Quem dirá a conquista da vida, cada vez mais com­pleta, mais ampla, mais serena, mais iluminada pelos raios do Alto, a marcha, de cimo em cimo, em busca da felicidade, do poder e do puro amor? Quem cantará a obra do homem, lutador imortal, erguendo, através de suas dúvidas, dilaceramentos, angústias e lágrimas o edi­fício harmônico e sublime de sua personalidade pensante e consciente ? Sempre para a frente, para mais longe e para mais alto! Responderão: Não sabemos. E perguntam: Quem nos ensinará essas coisas?

Quem? As vozes interiores e as vozes do Além. Aprendei a abrir, a folhear, a ler o livro oculto em vós, o livro das metamorfoses do ser. Ele vos dirá o que fostes e o que sereis, ensinar-vos-á o maior dos mistérios, a criação do "eu" pelo esforço constante, a ação sobe­rana que, no pensamento silencioso, faz germinar a obra e, segundo vossas aptidões, vosso gênero de talento, far-vos-á pintar as telas mais encantadoras, esculpir as mais ideais formas, compor as sinfonias mais harmonio­sas, escrever as páginas mais brilhantes, realizar os mais belos poemas.

Tudo está aí, em vós, em roda de vós. Tudo fala, tudo vibra, o visível e o invisível, tudo canta e celebra a glória de viver, a ebriedade de pensar, de criar, de associar-se à obra universal. Esplendores dos mares e do céu estrelado, majestade dos cimos, perfumes das flores­tas, melodias da terra e do espaço, vozes do invisível que falam no silêncio da noite, vozes da consciência, eco da voz divina, tudo é ensino e revelação para quem sabe ver, escutar, compreender, pensar, agir !

Depois, acima de tudo, a Visão Suprema, a visão sem formas, o Pensamento incriado, verdade total, harmonia final das essências e das leis que, desde o fundo de nosso ser até a estrela mais distante, liga tudo e todos em sua unidade resplandecente. ~ a cadeia de vida, que se eleva e desenrola no Infinito, escada das potências espirituais que levam a Deus os apelos do homem pela oração e trazem ao homem as respostas de Deus pela inspiração.

Agora, uma última pergunta. Por que é que, no meio do imenso labor e da abundante produção intelectual que caracterizam nossa época, se encontram tão poucas obras viris e concepções geniais ? Porque deixamos de ver as coisas divinas com os olhos da alma! Porque deixamos de crer e amar!

Remontemos, pois, às origens celestes e eternas; é o único remédio para nossa anemia moral. Dirijamos pensamento para as coisas solenes e profundas. Ilumi­ne-se e complete-se a Ciência com as intuições da cons­ciëncia e as faculdades superiores do espírito. O Espiri­tualismo moderno a auxiliará.

- A disciplina do pensamento e a reforma do caráter

O pensamento, dizíamos, é criador. Não atua somen­te em roda de nós, influenciando nossos semelhantes para o bem ou para o mal; atua principalmente em nós; gera nossas palavras, nossas ações e, com ele, construímos, dia a dia, o edifício grandioso ou miserável de nossa vida presente e futura. Modelamos nossa alma e seu invólucro com os nossos pensamentos; estes produzem formas, ima­gens que se imprimem na matéria sutil, de que o corpo fluídico é composto. Assim, pouco a pouco, nosso ser povoa-se de formas frívolas ou austeras, graciosas ou terríveis, grosseiras ou sublimes; a alma se enobrece, em­beleza ou cria uma atmosfera de fealdade. Segundo ideal a que visa, a chama interior aviva-se ou obscurece-se.

Não há assunto mais importante que o estudo do pensamento, seus poderes e ação. É a causa inicial de nossa elevação ou de nosso rebaixamento; prepara todas as descobertas da Ciência, todas as maravilhas da Arte, mas também todas as misérias e todas as vergonhas da Humanidade. Segundo o impulso dado, funda ou destrói as instituições como os impérios, os caracteres como as consciências. O homem só é grande, só tem valor pelo seu pensamento; por ele suas obras irradiam e se perpetuam através dos séculos. O Espiritualismo experimental, muito melhor que as doutrinas anteriores, permite-nos perce­ber, compreender toda a força de projeção do pensamen­to, que é o princípio da comunhão universal. Vemo-lo agir no fenômeno espírita, que facilita ou dificulta; seu papel nas sessões de experimentação é sempre considerável. A Telepatia demonstrou-nos que as almas podem impres­sionar-se, influenciar-se a todas as distâncias; é o meio de que se servem as humanidades do Espaço para comunicarem entre si através das imensidades siderais. Em qualquer campo das atividades sociais, em todos os do­mínios do mundo visível ou invisível, a ação do pensa­mento é soberana; não é menor sua ação, repetimos, em nós mesmos, modificando constantemente nossa natureza íntima.

As vibrações de nossos pensamentos, de nossas pa­lavras, renovando-se em sentido uniforme, expulsam de nosso invólucro os elementos que não podem vibrar em harmonia com elas; atraem elementos similares que acentua as tendências do ser. Uma obra, muitas vezes in­consciente, elabora-se; mil obreiros misteriosos traba­lham na sombra; nas profundezas da alma esboça-se um destino inteiro; em sua ganga o diamante purifica-se ou perde o brilho.

Se meditarmos em assuntos elevados, na sabedoria, no dever, no sacrifício, nosso ser impregna-se, pouco a pouco, das qualidades de nosso pensamento. E por isso que a prece improvisada, ardente, o impulso da alma para as potências infinitas, tem tanta virtude. Nesse diálogo solene do ser com sua causa, o influxo do Alto invade­-nos e desperta sentidos novos. A compreensão, a cons­ciência da vida aumenta e sentimos, melhor do que se pode exprimir, a gravidade e a grandeza da mais humilde das existências. A oração, a comunhão pelo pensamento com o universo espiritual e divino é o esforço da alma para a Beleza e para a Verdade eternas; é a entrada, por um instante, nas esferas da vida real e superior, aquela que não tem termo.

Se, ao contrário, nosso pensamento é inspirado por maus desejos, pela paixão, pelo ciúme, pelo ódio, as ima­gens que cria sucedem-se, acumulam-se em nosso corpo fluídico e o entenebrecem. Assim, podemos à vontade fazer em nós a luz ou a sombra. o que afirmam tantas comunicações de além-túmulo. Somos o que pensamos, com a condição de pensarmos com força, vontade e per­sistência. Mas, quase sempre, nossos pensamentos pas­sam constantemente de um a outro assunto. Pensamos raras vezes por nós mesmos, refletimos os mil pensa­mentos incoerentes do meio em que vivemos. Poucos homens sabem viver do próprio pensamento, beber nas fontes profundas, nesse grande reservatório de inspira­ção que cada um traz consigo, mas que a maior parte ignora. Por isso criam um invólucro povoado das mais disparatadas formas. Seu Espírito é como uma habitação franca a todos os que passam. Os raios do bem e as sombras do mal lá se confundem, num caos perpétuo. o combate incessante da paixão e do dever em que, quase sempre, a paixão sai vitoriosa. Primeiro que tudo, é pre­ciso aprender a fiscalizar os pensamentos, a discipli­ná-los, a imprimir-lhes uma direção determinada, um fim nobre e digno.

A fiscalização dos pensamentos implica a fiscaliza­ção dos atos, porque, se uns são bons, os outros sê-lo-ão igualmente, e todo o nosso procedimento achar-se-á regu­lado por uma concatenação harmônica. Ao passo que, se nossos atos são bons e nossos pensamentos maus, apenas haverá uma falsa aparência do bem e continuaremos a trazer em nós um foco malfazejo, cujas influências, mais cedo ou mais tarde, derramar-se-ão fatalmente sobre nossa vida.

As vezes observamos uma contradição surpreendente entre os pensamentos, os escritos e as ações de certos homens, e somos levados, por esta mesma contradição, a duvidar de sua boa-fé, de sua sinceridade. Muitas vezes não há mais do que uma interpretação errônea de nossa parte. Os atos desses homens resultam do impulso surdo dos pensamentos e das forças que eles acumularam em si no passado. Suas aspirações atuais, mais elevadas, seus pensamentos mais generosos traduzir-se-ão em atos no futuro. Assim, tudo se combina e explica quando se con­sideram as coisas do largo ponto de vista da evolução; ao passo que tudo fica obscuro, incompreensível, contra­ditório com a teoria de uma vida única para cada um de nós.

O contacto pelo pensamento com os escritores de gênio, com os autores verdadeiramente grandes de todos os tempos e países, lendo, meditando suas obras, impregnando todo o nosso ser da substância de sua alma. As radiações de seus pensamentos desper­tarão em nós efeitos semelhantes e produzirão, com o tempo, modificações de nosso caráter pela própria natu­reza das impressões sentidas.

E necessário escolhermos com cuidado nossas leitu­ras, depois amadurecê-las e assimilar-lhes a quintessên­cia. Em geral lê-se demais, lê-se depressa e não se medita. Seria preferível ler menos e refletir mais no que meio seguro de fortalecer nossa inteligência, de colher os frutos de sabedoria e beleza que podem conter nossas leituras. Nisso, como em todas as coisas, o belo atrai e gera o belo, do mesmo modo que a bondade atrai a felicidade, e o mal o sofrimento.

O estudo silencioso e recolhido é sempre fecundo para o desenvolvimento do pensamento. É no silêncio que se elaboram as obras fortes. A palavra é brilhante, mas degenera demasiadas vezes em conversas estéreis, às vezes maléficas; com isso, o pensamento se enfraquece e a alma esvazia-se. Ao passo que na meditação o Espírito se con­centra, volta-se para o lado grave e solene das coisas; a luz do mundo espiritual banha-o com suas ondas. Há em roda do pensador grandes seres invisíveis que só querem inspirá-lo ; é à meia-luz das horas tranqüilas ou então à claridade discreta da lâmpada de trabalho que melhor podem entrar em comunhão com ele. Em toda a parte e sempre uma vida oculta mistura-se com a nossa. Evi­temos as discussões ruidosas, as palavras vãs, as leituras frívolas. Sejamos sóbrios de jornais. A leitura dos jornais, fazendo-nos passar continuamente de um assunto para outro, torna o Espírito ainda mais instável. Vive­mos numa época de anemia intelectual, que é causada pela raridade dos estudos sérios, pela procura abusiva da palavra pela palavra, da forma enfeitada e oca, e, princi­palmente, pela insuficiência dos educadores da mocidade. Apliquemo-nos a obras mais substanciais, a tudo o que pode esclarecer-nos a respeito das leis profundas da vida e facilitar nossa evolução. Pouco a pouco, ir-se-ão edifi­cado em nós uma inteligência e uma consciência mais fortes, e nosso corpo fluídico iluminar-se-á com os reflexos de um pensamento elevado e puro.

Dissemos que a alma oculta profundezas onde o pen­samento raras vezes desce, porque mil objetos externos ocupam-no incessantemente. Sua superfície, como a do mar, é muitas vezes agitada; mas, por baixo, se estendem regiões inacessíveis às tempestades. Aí dormem as po­tências ocultas, que esperam nosso chamamento para emergirem e aparecerem. O chamamento raras vezes se faz ouvir e o homem agita-se em sua indigência, igno­rante dos tesouros inapreciáveis que nele repousam.

E necessário o choque das provações, as horas tris­tes e desoladas para fazer-lhe compreender a fragilidade das coisas externas e encaminhá-lo para o estudo de si mesmo, para a descoberta de suas verdadeiras riquezas espirituais.

É por isso que as grandes almas se enobrecem e embelezam tanto mais quanto mais vivas são suas dores. A cada nova desgraça que as fere têm a sensação de se haverem aproximado um pouco mais da verdade e da perfeição e, a este pensamento, experimentam uma como volúpia amarga. Levantou-se uma nova estrela no céu de seu destino, estrela cujos raios trêmulos penetram no santuário de sua consciência e lhe iluminam os recôndi­tos. Nas inteligências de cultura elevada faz sementeira a desgraça: cada dor é um sulco onde se levanta uma seara de virtude e beleza.

Em certas horas de nossa vida, quando nos morre nossa mãe, quando se desmorona uma esperança arden­temente acariciada, quando se perde a mulher, o filho amado, de cada vez que se despedaça um dos laços que nos ligavam a este mundo, uma voz misteriosa eleva-se nas profundezas de nossa alma, voz solene que nos fala de mil leis augustas, mais veneráveis que as da Terra e entreabre-se todo um mundo ideal. Mas, os ruídos do exterior abafam-na bem depressa e o ser humano recai quase sempre em suas dúvidas, em suas hesitações, na rara vulgaridade de sua existência.

Não há progresso possível sem observação atenta de nós mesmos. necessário vigiar todos os nossos atos impulsivos para chegarmos a saber em que sentido de­vemos dirigir nossos esforços para nos aperfeiçoarmos. Primeiramente, regular a vida física, reduzir as exigên­cias materiais ao necessário, a fim de garantir a saúde do corpo, instrumento indispensável para o desempenho de nosso papel terrestre. Depois disciplinar as impres­sões, as emoções, exercitando-nos em dominó-las, em utili­zá-las como agentes de nosso aperfeiçoamento moral; aprender principalmente a esquecer, a fazer o sacrifício do "eu", a desprender-nos de todo o sentimento de egoís­mo. A verdadeira felicidade neste mundo está na pro­porção do esquecimento próprio.

Não basta crer e saber, é necessário viver nossa crença, isto é, fazer penetrar na prática diária da vida os princípios superiores que adotamos; é necessário habi­tuarmo-nos a comungar pelo pensamento e pelo coração com os Espíritos eminentes que foram os reveladores, com todas as almas de escol que serviram de guias à Huma­nidade, viver com eles numa intimidade cotidiana, inspi­rar-nos em suas vistas e sentir sua influência pela per­cepção íntima que nossas relações com o mundo invisível desenvolvem.

Entre estas grandes almas é bom escolher uma como exemplo, a mais digna de nossa admiração e, em todas as circunstâncias difíceis, em todos os casos em que nossa consciência oscila entre dois partidos a tomar, inquirir­mos o que ela teria resolvido e procedermos no mesmo sentido.

Assim, pouco a pouco, iremos construindo, de acordo com esse modelo, um ideal moral que se refletirá em todos os nossos atos. Todo homem, na humilde realidade de cada dia, pode ir modelando uma consciência sublime. A obra é vagarosa e difícil, mas, por isso, são-nos dados os séculos.

Concentremos, pois, muitas vezes, nossos pensamen­tos, para dirigi-los, pela vontade, em direção ao ideal sonhado. Meditemos nele todos os dias, à hora certa, de preferência pela manhã, quando tudo está sossegado e repousa ainda em roda de nós, nesse momento a que o poeta chama "a hora divina", quando a Natureza, fresca e descansada, acorda para as claridades do dia.

Nas horas matinais, a alma, pela oração e pela me­ditação, eleva-se com mais fácil impulso até às alturas donde se vê e compreende que tudo - a vida, os atos, os pensamentos - está ligado a alguma coisa grande e eterna e que habitamos um mundo em que potências invisíveis vivem e trabalham conosco. Na vida mais sim­ples, na tarefa mais modesta, na existência mais apagada, mostram-se, então, faces profundas, uma reserva de ideal, fontes possíveis de beleza. Cada alma pode criar com seus pensamentos uma atmosfera espiritual tão bela, tão resplandecente, como nas paisagens mais encantadoras; e, na morada mais mesquinha, no mais miserável tugúrio, há frestas para Deus e para o Infinito!

Em todas as nossas relações sociais, em nossas re­lações com os nossos semelhantes, é preciso nos lembre­mos constantemente disto : Os homens são viajantes em marcha, ocupando pontos diversos na escala da evolução pela qual todos subimos. Por conseguinte, nada devemos exigir, nada devemos esperar deles, que não esteja em relação com seu grau de adiantamento.

A todos devemos tolerância, benevolência e até per­dão; porque, se nos causam prejuízo, se escarnecem de nós e nos ofendem, é quase sempre pela falta de com­preensão e de saber, resultantes de desenvolvimento insu­ficiente. Deus não pede aos homens senão o que eles têm podido adquirir à custa de lentos e penosos trabalhos.

Não temos o direito de exigir mais. Não fomos seme­lhantes aos mais atrasados deles ? Se cada um de nós pudesse ler em seu passado o que foi, o que fez, quanto não seria maior nossa indulgência para com as faltas alheias! As vezes também carecemos da mesma indul­gência que lhes devemos. Sejamos severos conosco e tole­rantes com os outros. Instruamo-los, esclareçamo-los, guiemo-los com doçura, é o que a lei de solidariedade nos preceitua.

Enfim, é preciso saber suportar todas as coisas com paciência e serenidade. Seja qual for o procedimento de nossos semelhantes para conosco, não devemos conceber nenhuma animosidade ou ressentimento; mas, ao contrário, saibamos fazer reverter em benefício de nossa própria educação moral todas as causas de aborrecimen­to e aflição. Nenhum revés poderia atingir-nos, se, por nossas vidas anteriores e culpadas, não tivéssemos dado margem à adversidade. É isto o que muitas vezes se deve repetir. Chegaremos, assim, a aceitar todas as provações sem amargura, considerando-as como reparação do pas­sado ou como meio de aperfeiçoamento.

De grau em grau chegaremos, assim, ao sossego de espírito, à posse de nós mesmos, à confiança absoluta no futuro, que dão a força, a quietação, a satisfação íntima, permitindo-nos ficar firmes no meio das mais duras vicissitudes.

Quando chega a idade, as ilusões e as esperanças vãs caem como folhas mortas; mas, as altas verdades apare­cem com mais brilho, como as estrelas no céu de inverno através dos ramos nus de nossos jardins.

Pouco importa, então, que o destino não nos tenha oferecido nenhuma glória, nenhum raio de alegria, se tiver enriquecido nossa alma com mais uma virtude, com alguma beleza moral. As vidas obscuras e atormentadas são, às vezes, as mais fecundas, ao passo que as vidas suntuosas nos prendem, bastas vezes e por muito tempo, na corrente formidável de nossas responsabilidades.

A felicidade não está nas coisas externas nem nos acasos do exterior, mas somente em nós mesmos, na vida interna que soubermos criar. Que importa que o céu esteja escuro por cima de nossas cabeças e os homens sejam ruins em volta de nós, se tivermos a luz na fronte, alegria do bem e a liberdade moral no coração? Se, porém, eu tiver vergonha de mim mesmo, se o mal tiver invadido meu pensamento, se o crime e a traição habi­tarem em mim, todos os favores e todas as felicidades da Terra não me restituirão a paz silenciosa e a alegria da consciência. O sábio cria, desde este mundo, para si mesmo, um refúgio seguro, um lugar sagrado, um retiro profundo onde não chegam as discórdias e as contrarie­dades do exterior. Do mesmo modo, na vida do Espaço a sanção do dever e a realização da justiça são de ordem inteiramente íntima; cada alma traz em si sua claridade ou sua sombra, seu paraíso ou seu inferno. Mas, lembre­mo-nos de que nada há irreparável; a situação atual do Espírito inferior não é mais que um ponto quase imper­ceptível na imensidade de seus destinos.

Léon Denis - livro: O Problema do Ser do Destino e da Dor